José Viana - O fado

No coração da hora triste
Havia uma lança em riste
Em cada roseira brava
Afogado em bizarria
O fado já nem sabia
Se cantava, se chorava

Mas quando Dias Coelho
Tingiu de sangue vermelho
As ervas verdes do chão
Era a prova, era a certeza
De que a alma portuguesa
Não tinha morrido, não

Meu velho fado
Fado magoado
Tão português
Meu fado novo
Nas mãos do povo
Mostra quem és

Aqui te juro
És o futuro
Não és passado
É tua a hora
E mostra agora
Quem é o fado
Com estas mãos, camaradas
As nossas mãos são enxadas
Trabalhar, o nosso fado
Nossas mãos são a riqueza
E o pão que temos na mesa
É nosso e não foi roubado

Com estas mãos, camaradas
E as mãos das forças armadas
Quando a noite é só memória
Vamos transformar a vida
Fazer da canção vencida
Uma canção de vitória

Meu velho fado
Fado magoado
Tão português
Meu fado novo
Nas mãos do povo
Mostra quem és

Aqui te juro
És o futuro
Não és passado
É tua a hora
E mostra agora
Quem é o fado
Aqui te juro
És o futuro
Não és passado
É tua a hora
E mostra agora
Quem é o fado